Já me aconteceu acordar feliz. Certa manhã acordei feliz. Tão feliz. Só sabia o que era ser feliz. Apenas conhecia o sentimento puro e esmagador da felicidade. Havia felicidade a entrar em cada um dos poros que me constituem. Eu era feliz. Só era feliz. Feliz e pronto, nada mais, apenas feliz.
Nessa manhã fui atirada para tudo como uma vencedora. Cumpria com êxito reconhecido tudo quanto me propunha. Tudo era ou ficava perfeito. Eu não só era capaz como forte e ainda radiante. E sempre feliz.
Estava envolvida em tudo quanto sempre havia sonhado. A medida e a forma de tudo o que me envolvia eram perfeitos. Eu própria estava muito próxima de atingir a perfeição. Lá andava eu em bicos dos pezinhos em cima de uma nuvem a tratar de tudo. Tratava de tudo sem restrições ou grilhões, fazia-o com afinco e gosto. Era como uma abelhinha atarefada. Nessa manhã tudo era fácil, leve…natural.
A felicidade com que havia acordado naquele dia era constante e voltava todas as manhãs, dando-me alento para todas as tarefas de todos os meus dias. Tudo o que me era possível fazer eu fazia-o e isso deixava-me feliz. Ainda mais feliz.
Mas… de repente, antes de dormir, os meus pulmões esqueceram-se de como respirar. Pararam, simplesmente, de respirar. Assustado o meu pequeno coração bateu descontrolado tentando cumprir também com a tarefa dos pulmões e quase me matou. E eu, pobre tola, rebolei e quase sufoquei em cima da cama com o pijama já vestido. Impetuoso lá entraste a gritar…abraçaste-me e não paraste de gritar comigo. Gritavas para me voltar a ensinar a respirar calmamente e sem sobressaltos.
Tenho, desde então, acordado assustada. Desanimada. Tenho acordado sem forças e cansada. Sem ideias. Sem causas ou sonhos.
Tu apareces todos os dias, sorrindo, como um Anjo da Guarda. Levantas-me da cama. Empurras-me para o banho. Ensinas-me a voltar a respirar. Abraças-me sempre que acordo a meio da noite com medo e a chorar.
Devolves-me, todos os dias, a vida. A segurança. Devolves-me todos os dias algum brilho. E impinges-me a felicidade em cada abraço em que me apertas.
Obrigada, meu Anjo, sem ti não seria capaz.
P.S. Só te amo.
Sabia que: um ataque de pânico (coração acelerar e bater mais forte sem esforço físico, como por ex. correr) pode envelhecer o seu coração até 2 anos? Respire calmamente, pense em coisas boas e calmas. Relembre a infância. Seja feliz. Viva pelo menos mais 2 anos.