Apercebi-me ao fim de um magro par de anos que o que me cativou no teu olhar se esfumou como a magia do Natal. Do Natal com o jantar que por rotina junta toda a família, que por rotina termina com discussões e amuos.
Não sei se são ciclos intermináveis de acontecimentos repetidos ou simples rotinas rotineiras. Acordar. Banho. Sair a correr com a sensação de que algo ficou esquecido. Talvez o iPod. Um maço de lenços. O tão preciso relógio. Ou o viciante telemóvel. Um acessório? Um adorno? Um mimo para ti? Não importa. Sigo o dia mesmo depois de saber o que ficou esquecido. Quase que já não faz falta pelo simples hábito que já criei de não sentir falta do que vai ficando esquecido diariamente. E que um dia vai ficar perdido. Irremediavelmente irrecuperável.
Passámos, sem uma vida a acompanharmo-nos de mão dada, a barreira do gostar por amor e com paixão para um gostar com amor de amizade. Para uma rotina de beijinhos na boca com hora quase marcada. Com beijinhos que diariamente acontecem entre as mesmas tarefas rotineiras.
Apagou-se. Como a lareira que crepita e nos dá conforto e calor. Mas que um dia se apaga para só se voltar a acender na próxima estação fria. Deixa de fazer sentido, naquele momento, voltar a compô-la.
18 de Março de 2011