Deixa-me ajudar-te a tirar essa camisa-grilhão que me impede de chegar mais perto de ti. Que me impede de conhecer o teu cheiro, a tua pele. O teu arrepio.
Deixa-me sussurrar-te o que me vai na cabeça e me estremece o corpo.
Consigo sentir a dormência de todo o teu corpo na tua voz sumida. Ofegante. Mostra-me que o teu olhar também tem mácula e tira por umas horas esse ar sempre doce. Sempre demasiado doce. Larga pela sala toda a emocionalidade das relações e deixa também por ai as moralidades. Voltadas para baixo para que eu não as veja. E não me pesem.
Depois compomo-las.
Murmura-me, por favor, sem subtilezas, tudo o que achas de mim. Achas-me detestável? Óptimo. Que fazes de mim assim, despida e, detestavelmente, apetecível?
Vamos acabar com isto de uma vez!