Os nossos quadros de acrílico parecem amarelecidos pela passagem dos Verões. Lembro-me bem de os pintarmos. Ao fim das nossas tardes. À beira rio. De pintarmos ao Sol. De pintarmos de joelhos no chão e em cima da mesa grande da cozinha. De deixarmos a secar os troncos que íamos pintando na Varanda. Misturavas tintas e as cores apareciam prontas para eu as dar às nossas telas (dos chineses). Lembro-me de insistir para que déssemos aos nossos quadros uma mão de conservador. Deixaste andar. Fui-me esquecendo de voltar a insistir. Assim foram sendo pendurados e oferecidos. Assim têm ficado amarelecidos com cada dia de Sol que lhes bate.
Assim, vão amarelecendo, também, os nossos dias.
Hoje, à noite, devias fechar os olhitos comigo. Amanhã ao acordar davas-me um beijinho na boca e tornarias o meu dia menos amarelo.
Por favor, fica.